15 agosto 2007

Quis o destino dar-me o entendimento



Quis o destino dar-me o entendimento

que aos outros nega ou muito regateia
para sofrer do mal que nos rodeia
mais talvez que do próprio sofrimento.

Entendo a voz do mar e a voz do vento,
ferocíssima voz de raiva cheia.
Sinto o pudor que a pétala incendeia
no fecundante e trágico momento.

Percebo a Natureza em tudo quanto
são cuidados, tristeza, inquietações,
heróica dor sem lástimas nem pranto.

Sacrário aberto às rudes aflições,
oiço falar os homens e entretanto
não lhes entendo as falas nem razões.


"Textos de infância e juventude" de António Gedeão

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